Uns buscam a cura na fé, outros na psicologia, outros na ciência, outros nem mesmo buscam a cura, nem mesmo admitem sofrer da doença. Algumas dessas pessoas sofrem em silêncio por medo da incompreensão.
“Há exatamente 12 anos atrás quando minha mãe começou a manifestar sintomas já se ouvia falar depressão é doença de rico, depressão é frescura” e muitos outros codinomes. Mas a depressão vem quando somos limitados a fazer o que nos agrada, quando nos sentimos presos em uma gaiola como um passarinho sem saída, quando buscamos felicidade no local errado, quando sofremos constantes decepções e não encontramos uma voz de ajuda, quando temos a certeza de que aquele(a) que estava sorrindo ontem nunca mais vai mais voltar, quando nos despedimos de pessoas que amamos, a depressão vem quando paramos de viver a nossa vida para viver a vida dos outros e a angustia toma conta do vazio que há no coração, quando você começa a perceber que a vida não faz mais sentido e que você não é útil nesse mundo, enfim quando nos sentimos perdidos e perguntamos a nós mesmos: "Quem sou eu?" E não sabemos responder e as lágrimas escorrem pelo rosto sem motivo ou por uma tristeza sem explicação.
Hoje a depressão pode estar na genética, ela se manifesta mas de formas diferentes de mãe para filhos, mas também pelo convívio com pessoas depressivas se você não tiver um alvo na vida, ao invés de ajudar você quando menos espera esta vivendo depressivo.
Minha mãe foi limitada a fazer o que amava, ela amava a vida mas não conseguia vivê-la muitos a impediam. Em todo o tempo ouvi palavras como: "sou um passarinho preso!"
A carta de motorista que ela tanto sonhava antes de casar-se, não veio depois do casamento meu pai não deixou, minhas tias faziam a cabeça do meu pai contra. A carteira de motorista chegou mas porque ela fez aula escondidas e eu a ajudei a encobrir tudo e assim foi muitas vezes, nos presentes que comprava pra mim e pra meu irmão e pra ela tudo sempre escondido e com certeza esconder o que você está fazendo de correto é sofrimento demais. Trabalhar fora era uma guerra meu pai dizia: - "o preço que você vai ganhar trabalhando eu pago pra você ficar em casa". Até o tempo que minha tia (cunhada) de minha mãe morava-se conosco minha mãe não podia por a mão em nada.
Imagine tudo ser seu mas outra pessoa se apossar daquilo que lhe pertence. Mas, era mais fácil fazer a vontade da irmã do que da esposa nos víamos isso no meu pai, mas ela (minha mãe) permaneceu sofrendo em silêncio e só eu conseguia ver seu coração. E a única coisa que ela conseguia dizer era: - "eu vou embora daqui, um dia vocês vão chegar aqui e não vão mais me encontrar".
Meu único e maior medo sempre foi perder a minha mãe, um dia chegar em casa e não encontrá-la. Quantas vezes, meu querido, meu coração disparava mesmo sabendo que ela estava logo ali na padaria, no mercado, na casa da vizinha o que fosse, meu medo era não vê-la nunca mais, meu medo era que ela cumprisse com o que falava; por isso eu me limitei.
Eu preferia ficar em casa em todo tempo ao lado dela, do que brincar, do que posar na casa das amiguinhas. Eu não fazia nada que uma criança da minha idade fazia; por quê? Eu simplesmente queria estar ao lado dela o máximo possível; estando ao lado dela; ela estando próxima aos meus olhos jamais iria embora.
Isso tudo foi uma escolha; escolha esta que eu fiz aos 7 anos, por que dentro de mim, nos meus sonhos pesadelos) no meu futuro eu já sabia que haveria uma despedida. Despedida que Deus não me definiu dia, mês e ano. Por isso a minha escolha.
Vivemos momentos de tanta angustia mas também momentos felizes que irei retratar aqui. Eu era o seu apoio e por isso me conforta hoje o Espírito de Deus, porque naqueles dias em que eu estava ao lado dela e não brincando (como uma criança comum) Deus me preparava pra uma grande despedida. E no fim de uma longa história eu me despedi dizendo:
“Até aqui nos ajudou o Senhor” I SAMUEL 7:12
Mas muito ainda você irá saber amado!
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Kelly Francisca
kefrancis15@hotmail.com
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